Professor Everton Machado estimula valorização da história do negro no Brasil

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Foto: Suâmi Dias - Ascom/Educação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Com a consciência do seu papel social e o reconhecimento das dificuldades que a população negra e da periferia enfrentam, muitas vezes marcadas na sua própria experiência, o professor de teatro Everton Machado, do Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, localizado no bairro Fazenda II, em Salvador, vem desenvolvendo, por meio da arte, a valorização da cultura, história e identidade dos estudantes. Com o projeto Lucas Dantas - um Herói de Búzios - A Pedagogia do Protagonismo no Ensino de Teatro em Cumprimento à Lei 11.645/08, o educador mostrou que é possível aliar a arte teatral ao processo pedagógico.

“Há quatro anos, quando ingressei na escola, iniciei a minha prática pedagógica voltada ao teatro com aulas baseadas em jogos teatrais, exercícios de corpo, respiração, voz, técnicas de improvisação e interpretação. A partir daí, pensamos em um conteúdo que contemplasse a história de Salvador e a discussão de quem somos, para que pudéssemos entender, dentro do nosso contexto, o que é ser negro, do que é racismo e entender porque estamos situados na periferia”, explica Everton Machado.

"Grupos de teatro e música que nos procuram para implementarem projetos na escola", professor Everton

Ele ressalta que “o projeto Lucas Dantas originou a criação de cenas teatrais desenvolvidas livremente pelos estudantes sobre a Revolta dos Búzios. Ao total, foram sete turmas que interpretaram, escreveram, produziram cenários e figurinos sobre o assunto, gerando o primeiro festival de teatro da unidade em janeiro de 2014.”

Com a prática teatral, o Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, se tornou um polo cultural do bairro, atraindo toda a comunidade. “Atualmente, realizamos diversas ações culturais, não apenas nós, mas também grupos de teatro e música que nos procuram para implementarem projetos na escola.”

Trabalho é reconhecido pelos estudantes

Foto: Suâmi Dias - Ascom/Educação


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O estudante Jonas Oliveira, 17 anos, trabalhou na peça como diretor do espetáculo contracenado por sua turma. “Foi muito gratificante, pois pude ampliar minha visão sobre o teatro. Além de contribuir na minha aprendizagem porque aumentou minha disciplina e capacidade de organização. Fico muito feliz de ter um professor como o Everton que traz essas práticas diferenciadas e nos dá a oportunidade de termos uma visão diferente da escola.”

Atuando como atriz, a estudante Audinélia Santos, 17, fala da oportunidade de participar do projeto. “Tive meu primeiro contato com o teatro e isso me possibilitou aprender de uma forma lúdica. Outro fator foi o nosso comprometimento que foi total devido a nossa vontade de participar das aulas e do festival. Isso mostra o quanto o teatro pode motivar o estudante.”  

"Eu, como mulher negra, quero que estes temas sejam abordados e cheguem até o estudante", estudante Greice Barbosa

Sua colega, Greice Barbosa, 17, enfatiza a importância de iniciativas, como do professor Everton Machado. “Nós estamos num momento de formação e tivemos a chance de aprender de forma criativa e interessante sobre assuntos pertinentes aos estudantes. Eu, como mulher negra, quero que estes temas sejam abordados e cheguem até o estudante”.  

Premiação
O projeto Lucas Dantas - um Herói de Búzios - A Pedagogia do Protagonismo no Ensino de Teatro em Cumprimento à Lei 11.645/08, que foi utilizado como tese de mestrado do professor Everton Machado, no curso de Teatro, na Universidade Federal da Bahia (Ufba), também foi reconhecido no Prêmio Arte na Escola Cidadã.

Fotos: Suâmi Dias - Ascom/Educação

 

Realizado pelo Instituto Arte na Escola, o objetivo da premiação é identificar, reconhecer e divulgar projetos exemplares na área de Arte em todas as escolas do Brasil. Em sua XVI edição, o projeto ficou em 4º lugar, na categoria Ensino Médio, com direito a menção honrosa, que será entregue ao educador em cerimônia, no Sesc Consolação, em São Paulo, no dia 25 de outubro.

Lei 11.645/08
A criação da Lei 11.645/08 determina a obrigatoriedade da inclusão da História da África e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar das entidades públicas.  Sua proposta diz respeito à produção de conhecimentos e formação de atitudes e valores capazes de educar cidadãos conscientes de seu pertencimento étnico-racial.

 

Texto: Suâmi Dias - Ascom/Educação

 

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