Seminários Saberes e Fazeres Chegam ao Quarto Dia com Experiências Inovadoras

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De maneira inédita, educadores baianos das redes municipais e da rede estadual de educação estão compartilhando experiências inovadoras nos Seminários Saberes e Fazeres, promovidos pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT/SEC). Os encontros virtuais, que começaram nesta segunda-feira (7/12) trazem práticas de referência construídas ou fortalecidas ao longo de 2020 a partir do Plano de Formação Continuada Territorial. Nesta quarta (10/12), foi a vez dos Núcleos Territoriais de Educação de Irecê (NTE 1), Piemonte da Diamantina (NTE 16), Piemonte do Paraguaçu (NTE 14) e Recôncavo (NTE 21), que juntos reúnem  81 cidades. 

Os encontros, que acontecem pela manhã e pela tarde, são transmitidos pelo canal do IAT no Youtube - onde permanecem disponíveis - e já contam com mais de 16 mil visualizações

As aprendizagens geradas pelo contexto pandêmico têm sido um tema bastante presente nos seminários. As experiências compartilhadas mostram que com boas doses de planejamento e dedicação até mesmo uma época de distanciamento social pode ser transformada numa oportunidade para fortalecer o elo entre a escola, as famílias e a comunidade.  A primeira ação dos gestores do Colégio Pires de Lima, no distrito de Tapiranga, em Miguel Calmon (NTE 16), foi descobrir quantos dos seus alunos tinham acesso à internet, para guiar o funcionamento das atividades remotas. Como o número não chegava a 40%, decidiram apostar nas atividades impressas, distribuídas junto com uma proposta de rotina de estudos. "Se a gente não conseguia falar com o estudante, ou com o pai, falava com o vizinho.  Além de conhecer melhor a realidade das famílias, a gente fortaleceu uma teia positiva de solidariedade", contou Jivanilton Silva, gestor da escola. 

Junto com as atividades pedagógicas, a equipe da escola também distribuía livros literários, numa parceria com a biblioteca comunitária e jogos eletrônicos para fortalecer as habilidades matemáticas.  Clécia Gomes, técnica da secretaria de educação da cidade, falou sobre a importância dos encontros de formação continuada para planejar e reavaliar essas ações. "Nós tivemos a rica oportunidade de participar do plano de formação territorial, que nos fez reavaliar nosso trabalho. Aprendemos muito com as discussões sobre os indicadores educacionais, a atuação da dupla gestora, a agenda do coordenador pedagógico, o plano de ação, tão importante para nossas tomadas de decisões, para saber o que deu certo, o que não deu, o que é preciso para chegar ainda mais perto dos nossos estudantes”. 

 

Outra equipe que preferiu a entrega de atividades impressas foi a da Escola Municipal Antônio Ângelo de Lima, em Mundo Novo (NTE 14). A equipe da escola junto com outras escolas do município, apoiadas pela equipe técnica da secretaria de educação, produziu ‘cadernos de aprendizagens’, que traziam os conteúdos escolhidos a partir da organização do plano pedagógico emergencial. “Nós procuramos uma saída para que ninguém ficasse prejudicado”, conta o coordenador pedagógico Saulo Lima Cerqueira.  

 

Os cadernos continham sequências didáticas produzidas a muitas mãos e assim distribuídas. Mutirões de professores, coordenadores e diretores faziam a entrega nas casas dos estudantes, o que favoreceu o crescimento do vínculo família-escola. O sucesso desse trabalho foi ratificado por depoimentos de estudantes, como o de Clara Trindade da Silva. “No caderno tem diversas atividades para a compreensão dos assuntos de cada matéria. Eu acho que sem ele não conseguiria entender tão rápido e fácil o conteúdo.” 

Em Várzea Nova (NTE 16), a conexão com a comunidade foi fortalecida por meio de um projeto de saúde implementado pelo Centro Educacional João de Souza Oliveira. Damaris Silva e Flávia Brito, técnicas na secretaria de educação da cidade, contaram que as atividades remotas adotadas pela escola estavam sendo impactadas pela saúde mental dos estudantes e professores. Inspiradas pelos estudos da professora Laurinda Ramalho sobre o cuidar, debatidos na formação, resolveram criar uma atividade interdisciplinar unindo o pedagógico ao social, com a promoção de lives com psicólogos, educadores físicos e nutricionistas abertas para quem quisesse participar.  "Os alunos estavam ansiosos demais, por conta do cenário que a gente estava vivenciando. O que é incrível é que o IAT acabou sendo muito certeiro. Existia uma harmonia entre a formação e as nossas necessidades. Isso foi de uma magnitude… Foi muito importante. Estávamos trabalhando o texto de Laurinda e percebendo que estávamos no caminho certo. A escola esteve aberta, mesmo virtualmente".

Em outro NTE, o 21, a gestora escolar Zenaide da Silva Oliveira conta como sentiu presente a dimensão do cuidar já na condução das atividades de formação, que de acordo com ela, amenizaram a distância entre os educadores do território. Ela conta que as propostas para manutenção do vínculo afetivo andaram junto com a reorganização do espaço escolar. O Colégio Estadual Luciano Passos, em Cruz das Almas, do qual é diretora, passou a realizar diversas atividades com o propósito tanto de estimular a rotina de estudos em casa como de reforçar este vínculo. Coordenadora na mesma unidade, Denise Pimenta Oliveira revela que, a partir da escuta ativa e propositiva das demandas dos estudantes, puderam decidir como promover essa aproximação em tempos de distanciamento. 

 

 

Comemorando o IDEB de 4,2, Denise conta que a escola esteve de portas abertas durante todo esse tempo de atividades remotas. O trabalho intenso com a equipe de líderes de classe identificou alguns pontos de preocupação, como uma possível evasão escolar, por questões financeiras impostas aos alunos em decorrência da pandemia. A escola desenvolveu, então, parceria com organizações da região para ampliar a possibilidade de inserir os alunos em programas de estágio que garantissem um turno livre para as atividades da escola.

Em Irecê (NTE 1), o Colégio Municipal Odete Nunes Dourado, o maior da cidade, com mais de vinte alunos, adotou as aulas remotas e ainda promoveu gincanas, festival literário virtual, batalhas de ciências com desafios matemáticos e experimentos científicos e encontros sobre empreendedorismo no Ciclo de Formação Humana. "A coordenação nunca esteve tão próxima dos alunos como nós tivemos em um momento onde deveria estar afastado. Nós assistíamos os vídeos, nós partilhávamos, conversávamos, o contato via telefone, via whatsapp com esses alunos era constante”, contou Graciete Pereira, coordenadora pedagógica na escola. 

E diante de tantas novidades tecnológicas que a pandemia evidenciou, um veículo de comunicação um pouco mais antigo trouxe, com simplicidade, a eficácia que a rede municipal de Ruy Barbosa precisava para atender a um número maior de estudantes. O programa Educação ao Pé do Rádio, com aulas em tempo real, surgiu com o propósito de promover maior interação entre as escolas e seus alunos, famílias e comunidade em geral. Dos conteúdos veiculados no programa, os alunos passaram a desenvolver uma produção intensa textual, videográfica e até mesmo no moderno formato dos podcasts, conforme contou a técnica Dilma Pereira.

Indicadores e Planejamento

Outro tema muito presente nos encontros formativos e nos seminários é o uso dos indicadores educacionais para planejamento das redes de ensino e melhoria das aprendizagens.  Em Irecê, Maria das Graças Sousa, técnica na secretaria municipal de educação, contou como um olhar mais atento para os dados possibilitou a criação do Programa Praseguir, que combate a evasão escolar e a distorção idade/ano com turmas especiais de avanço. Desde 2017, o programa já atendeu mais de 400 estudantes e possibilitou quedas nos índices de desistência e evasão.  "A formação nos possibilitou aprofundar nos indicadores. Foi um presente. Nos anos finais do Ensino Fundamental, a gente praticamente não tinha formação. Hoje a gente tem essa política pública que nos fortalece", destacou. 

O município de Itatim trouxe a experiência de, mesmo com um IDH baixo e as dificuldades que isso traz, estarem bem posicionados na nota do IDEB, tendo ficado em 8º lugar nos anos finais do fundamental, dentre os municípios baianos. Das diversas ações neste segmento, que atualmente contemplam 949 estudantes, chama a atenção o projeto Padrinho: Você e Eu=Nós. Quem conta é a coordenadora pedagógica Fernanda Ribeiro, do Colégio Estadual Geovania Nogueira Nunes. O projeto se baseia na relação entre os diversos atores do processo educacional, destacando-se o estudante e o professor na proposição dos temas a serem trabalhados. “Nada mais relevante do que ouvir o sujeito para o qual o projeto é pensado".

Os seminários acontecem até o dia 15 de dezembro, abrangendo os 27 Territórios de Identidade da Bahia

 

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