Formação Continuada realiza reuniões de planejamento e consultoria com Instituto Vera Cruz

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O final de semana começou ainda mais produtivo para os formadores, articuladores e equipe pedagógica do Instituto Anísio Teixeira (IAT), órgão vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia responsável pela condução do Plano de Formação Continuada Territorial. O programa oferece formação para os educadores e educadoras dos 417 municípios baianos, dentre coordenadores pedagógicos, gestores escolares e membros das equipes técnicas das secretarias municipais de educação e Núcleos Territoriais de Educação (NTEs). 
 
Neste final de semana, sexta e sábado, 13 e 14/05, foram realizadas diversas atividades que contemplaram a formação de formadores com os consultores do Instituto Vera Cruz (IVC) nas áreas de ciências humanas e da natureza, além de encontros formativos de planejamento com a equipe pedagógica do IAT. Os objetivos destes encontros convergem para a preparação e planejamento das pautas do segundo encontro formativo entre os formadores e suas turmas de educadores participantes, que será realizado no próximo mês e trará como temáticas o acompanhamento e gestão pedagógicas nas redes de ensino, para as equipes técnicas e acompanhamento pedagógico, e avaliação e progressão de aprendizagens com vistas à priorização curricular, para coordenador pedagógico e gestor escolar.
 
Sobre os encontros formativos de planejamento, Micheli Cruz, coordenadora de formação de profissionais de educação do IAT, explica: “Primeiro discutimos conteúdo, do ponto de vista teórico-metodológico com os formadores, depois damos a eles uma semana para que estruturem uma pauta, um roteiro de trabalho com plano de ação para desenvolverem junto às suas turmas. Em seguida, fazemos um segundo momento formativo em que eles apresentam a sistematização dessas reflexões em uma pauta montada pelas equipes do território para desenvolvimento com a turma classe.” 
 
Dessa forma, a equipe garante que as pautas sejam construídas de forma colaborativa, a partir das demandas dos formadores que lidam diretamente com as realidades dos diferentes territórios. “Buscamos fazer a territorialização do conteúdo ao máximo que pudermos, priorizando intercâmbio de práticas”, completa Micheli. A formadora Rubia Mara Sousa Lapa, formadora de dupla gestora, se entusiasmou com a proposta: “Excelente manobra estratégica para que possamos reconhecer os avanços do percurso, a ser elaborado e reelaborado no coletivo com os devidos ajustes metodológicos. Isso irá nos aproximar da equipe gestora, no sentido de uma rede colaborativa com uma troca significativa de saberes.”  
 
Foco nas Ciências
 
Os consultores do Instituto Vera Cruz, Felipe Bandoni, Kátia Henrique, Daniel Helene e Marcelo Faria, também provocaram os formadores a pensarem o que, efetivamente, deve ser aprendido em ciências na escola. Felipe Bandoni, consultor na área de ciências da natureza, acredita que, para além das correntes teóricas à luz das quais se desenvolvem os conteúdos e assuntos das áreas do conhecimento, essa é a grande pergunta da formação. “Não estamos abordando o viés do assunto, mas o que é preciso ensinar e aprender em ciências. O caminho que estamos propondo é se distanciar do assunto em si, é um deslocamento para pensar as ciências, as práticas que ela ensejam em sala de aula. Olhar para a investigação. Propor hipóteses, olhar com mente investigativa.”
 
Um dos destaques entre os objetivos do encontro de ciências da natureza é a discussão e compartilhamento das experiências de ser formador de ciências da natureza, momento em que os formadores puderam trazer seus relatos e avaliações sobre o que tem funcionado e quais são os obstáculos do trabalho. 
 
O formador Damon Ferreira Farias contou que este movimento é importante para os formadores, haja vista que cada um conhece a realidade de seu NTE, observando em detalhes as diferenças entre os territórios. Segundo ele, que é mestre em Física, “a área mais engajada da escola é a área de ciências da natureza e é importante que os alunos possam ir além dos conceitos.” O  formador concluiu que é preciso enxergar o professor da educação básica também como pesquisador e enquadrar a teoria na vida prática dos estudantes. 
 
Na área de Ciências Humanas, os formadores Daniel Helene e Marcelo Faria propuseram uma discussão sobre os conhecimentos prévios dos estudantes. "Todos nós temos uma imaginação sobre todas as coisas. E antes de opor um conteúdo bem elaborado a essa imaginação, é preciso explorar sua gênese", defendeu o geógrafo Marcelo Faria. E para descobrir o que os estudantes pensam do mundo, também é preciso elaborar estratégias. "Uma coisa é eu chegar numa aula de geografia e perguntar: 'Vocês sabem o que é a Zona de Subducção?'. Outra bem diferente é dizer: 'Gente, a terra mexe?' As pessoas têm ideias sobre a terra. Vamos verificar essas ideias?"  
 
Os consultores também propuseram uma atividade aos formadores que pode ser levada para as suas turmas de educadores e até para as escolas. Eles se dividiram em grupos e escolheram entre duas imagens que discutiam temas como segregação e conceitos de minorias étnicas.  Além de justificar a escolha, também tiveram que dar um título à imagem. "Esse tipo de atividade convida os estudantes a manusearem o tema e a expor certos entendimentos que têm sobre ele. É uma provocação", explicou Marcelo. A partir das discussões que surgem nesse processo, os professores terão mais elementos para criar intervenções estratégicas de produção do conhecimento e até mesmo avaliar de forma mais consistente a evolução de cada estudante. 
 
A formadora Janaína Barros, que atua como formadora para os educadores do NTE 3 (Chapada Diamantina), comentou que o encontro foi uma "verdadeira lição" sobre os conhecimentos prévios dos estudantes. "Não basta chegar na sala de aula com uma pergunta retórica. É preciso criar estratégias para acessar esse conhecimento e também para aprofundar os entendimentos que eles trazem. É algo que a gente precisa construir nas escolas". 
 
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. A formação reúne mais de 9 mil educadores e técnicos de todos os municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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