Formação continuada promove partilha de práticas adotadas no ensino remoto

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As escolas públicas de Ribeira do Pombal, no norte baiano, já eram orientadas a ouvir os estudantes por meio das autoavaliações, mas quando veio a pandemia, a secretaria municipal de educação passou a ter um canal direto com eles. A pesquisa, batizada de "Conta aí como vão os seus estudos", foi feita a partir de formulários encaminhados para as casas dos estudantes. E lá eles puderam dizer o que estavam aprendendo, no que sentiam mais dificuldade, como estavam vivenciando a quarentena, que recursos tecnológicos tinham disponíveis. As respostas foram divulgadas em um blog e transformadas em vídeos e podcasts.  "A gente precisava dar voz a eles. Ter essa possibilidade de escuta ativa", conta Maria José Silva, diretora pedagógica da secretaria. 

Além da pesquisa com os estudantes, a secretaria criou uma plataforma de ensino, um canal no Youtube para transmitir práticas exitosas das escolas e criou um curso de formação de professores sobre cultura digital e tecnologias, que começou em março e vai até o final do ano. "Esse era um desejo antigo nosso, possível agora diante do contexto, da necessidade urgente do momento. Não adianta a gente apenas cobrar, ou dizer para o professor: olhe, a ferramenta está aqui disponível. É preciso orientá-lo. A tecnologia precisa estar à serviço da aprendizagem do estudante. Não é só um enfeite, um ornamento para a aula".

Maria José detalhou todas essas práticas - e deu mini tutoriais de como utilizar ferramentas de edição de vídeo e áudio - durante mais um encontro formativo com as equipes técnicas das secretarias do NTE 17 (Semiárido Nordeste II), que aconteceu no final de junho.  A reunião integra o Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT). 

O tema do encontro foi a "Partilha de experiências facilitadoras utilizadas no ensino remoto". Naquela tarde, as equipes das secretarias de educação também puderam conhecer as vivências do ensino remoto em uma escola da zona rural da cidade de Fátima - que concentrou os esforços no delivery de atividades impressas, acompanhados de roteiros explicativos, para driblar a falta de acesso à internet -; as estratégias de busca ativa utilizadas em escolas de Nova Soure -  que aproveitou os dias de feira na cidade e de entrega do kit de merenda escolar para se aproximar das famílias e dos estudantes -; e as infinitas possibilidades do uso do Whatsapp, seguindo o lema do "menos é mais", em escolas de Adustina. "No Whatsapp, a resposta dos estudantes se parece com a que a gente tem na sala de aula, pela rapidez, pelo ok para seguirmos adiante", comentou Jaqueline Oliveira, uma das quatro formadoras presentes no encontro, que ganhou o nome de Arraiá Formativo.  

Para Maria José, momentos como esse, de partilha, fazem com que os educadores se fortaleçam e possam "dar continuidade ao processo educativo da melhor maneira possível". Ela participa dos encontros desde o ano passado e faz questão de dizer que é "fã" da formação continuada. "A primeira coisa que me lembro da formação foi o vídeo de abertura com Antonio Nóvoa, e naquele momento, a fala dele já me chamou a atenção. Ele dizia que era preciso dar continuidade ao processo educativo, que esse era um momento de acelerarmos as nossas práticas em relação aos recursos de tecnologia nas escolas. Fui me amparando também pelos textos que foram disponibilizados, pelos encontros que acontecem. O grande ganho, além da aprendizagem, é a possibilidade mesmo da troca, da partilha. A gente vai percebendo que as nossas fragilidades não são muito diferentes dos outros municípios". 

A diretora pedagógica utilizou um dos textos apresentados durante a formação ("Um Festival de Incertezas", de Edgar Morin) nos encontros pedagógicos com coordenadores e professores de Ribeira do Pombal e já pautou para o fim do ano a realização na cidade de um simpósio inspirado nos Seminários Saberes e Fazeres, promovidos pelo IAT ao fim dos anos letivos para compartilhar desafios, experiências vivenciadas e práticas de referência. Em 2020, ela participou do seminário, falando sobre a educação no município. 

Outra coisa que Maria José ouviu na formação, e que não esquece, é a filosofia do Ubuntu: "Eu sou porque nós somos". "Os nossos coordenadores, nos materiais que eles produzem, nas imagens que eles usam, está sempre aparecendo o Ubuntu, e isso se torna uma força pra gente, de compreender que juntos nós somos mais fortes e a gente é o que é também pelo que o outro é. Isso foi uma aprendizagem importante".

Sobre a Formação Continuada Territorial 

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 9 mil educadores e técnicos de 414 municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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