Educadores avaliam o Plano de Formação Continuada em série de encontros nos 27 territórios de identidade

Quem disse que em time que está ganhando não se mexe? O Plano de Formação Continuada Territorial, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia por meio do Instituto Anísio Teixeira (IAT), vem quebrando esse paradigma. O plano se configura em uma ação colaborativa, que busca refletir continuamente sobre seus resultados, avanços e espaços de melhoria. Durante esta semana, de 12 a 16 de julho, educadores de todos os 27 Núcleos Territoriais de Educação baianos estiveram reunidos em uma série de encontros com o IAT para refletir sobre os caminhos trilhados e redesenhar o segundo semestre de 2021.
 
O Plano de Formação Continuada do IAT rompe com os padrões verticalizados de gestão ao abrir espaço para que as análises e decisões sejam feitas no coletivo. As reuniões de avaliação e replanejamento são parte deste viés de cooperação em que a formação está fincada desde sua escrita, em 2019. Lá no início, a equipe do IAT também percorreu todos os territórios de identidade para conhecer a realidade e entender a necessidade de cada rede, para só então desenhar as trilhas pedagógicas da formação.
 
Nestes dias, o trabalho seguiu reafirmando as premissas e abrindo novos caminhos para que os objetivos continuem a ser alcançados. “É um momento de reflexão sobre esse primeiro semestre. É preciso revisitar princípios do trabalho, as diferentes formas de discutir, trabalhar e construir processos formativos”, conta Diana Melo, diretora pedagógica do IAT. “Exercitar essa parceria com 414 municípios na construção dessa grande teia é inédito, não temos de onde copiar. A gente está construindo essa história, fazendo história, especialmente a que a gente constrói como coletividade. É uma grande ousadia, mas é uma ousadia possível porque estamos juntos”, completa.
 
A diretora do NTE 26 (Salvador), Maria Celeste Vianna, presente à reunião de segunda-feira, contou como a parceria tem sido importante na rede:
 
“Estamos aqui juntos. Temos uma série de reflexões para fazer e o processo de formação continuada territorial vem nos auxiliar, e muito. A equipe do IAT tem nos ouvido e isso é muito importante.”
 
Rosilene Vila Nova Cavalcante, que dirige o NTE 5 (Itabuna), concorda: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Precisamos partir para outros lugares não visitados por nós, e a formação continuada faz com que a gente aprimore, sem negar o que foi aprendido. É oportuno reavaliar, se refazer”.
 
Uma única rede pública
 
Além da construção e avaliação coletivas, outro aspecto inovador do Plano de Formação Continuada é a união das redes municipais e estadual no mesmo espaço formativo, num desenho inédito no país. Esse foi um dos aspectos mais elogiados pelos educadores durante os encontros ocorridos na última semana. Josélia Maria dos Santos, gestora do NTE 6 (Baixo Sul), contou que as escolas não se sentem mais sozinhas. "As redes não têm mais o sentimento de que é cada um por si e Deus por todos. Nós temos, por meio do IAT, como fazer esse compartilhamento de experiências e superar nossas dificuldades. E essa formação é diferente de todas as que já tivemos, porque reconhece que o chão da escola, o território, é a realidade a ser transformada. O fazer docente é embasado na teoria, sim, mas primeiro é validado pela prática". 
 
Diretora do NTE 12 (Bacia do Paramirim), Flordenice Costa também exaltou a parceria entre as redes. "A gente é escola pública. Não existe escola pública municipal, nem escola pública estadual. A formação vem mostrando que a gente pode, juntos, fazer um trabalho de qualidade. É algo que precisa continuar". 
 
Ricardo Berbel, secretário de Educação em Wagner (NTE 3), fez questão de estar presente na reunião e lembrou de quando o plano foi apresentado aos gestores, em 2019. "Para mim, foi motivo de muita alegria. É o regime de colaboração sendo colocado em prática. Os temas colocados em discussão nos encontros formativos estão nos ajudando muito a guiar nossas decisões pedagógicas, e acabam sendo levados também para outros segmentos, como a educação infantil. Fica a gratidão do município de Wagner". 
 
Escola: ponto de partida e de chegada
 
Durante os encontros de replanejamento, os educadores também ressaltaram o foco na realidade dos territórios e das escolas. Diretor escolar em Ribeira do Pombal (NTE 17), Damião Santana contou como a formação continuada vem contribuindo para o seu dia a dia como gestor. "Nas reuniões formativas, a gente vai expondo as nossas dificuldades ao vivo, em cores e em tempo real. É bem interessante essa sistemática. Os temas que são discutidos, os conteúdos, são muito proveitosos. A formação tem essa característica de identificar as necessidades de cada unidade escolar e discutir os planos e soluções para cada realidade. Espero que continue. O IAT está cumprindo a sua missão". 
 
Ana Beatriz Gusmão, que atua na secretaria municipal de educação em Iaçu (NTE 14), também falou sobre como o "chão da escola" está presente na formação. "Os diretores escolares e coordenadores pedagógicos estão maravilhados, porque é algo real. Os planos de ação, que foram propostos nos encontros formativos, estão sendo revistos, reelaborados, para atender a realidade de cada gestor. A gente sabe que a formação continuada não é um curso acadêmico, é um planejar, um fazer e refazer constantes. E é como diz Paulo Freire: 'Quem não sabe amar os seres inacabados, não pode ser um educador'".  
 
Antes de se tornar formadora no NTE 14 (Piemonte do Paraguaçu), Taciana Santana  participava dos encontros de formação continuada como coordenadora pedagógica. "A formação foi fundamental para muitas mudanças nas minhas práticas, especialmente na parceria com o diretor escolar. A vontade de fazer com que outros coordenadores e diretores sintam isso também é o que me move. A formação é direcionada para o nosso fazer. O ponto de partida é a escola e o ponto de chegada também é a escola". 
 
Gestora numa escola em Paulo Afonso (NTE 24), Solange Marcolino também compartilha desse sentimento. "Essa formação tem somado os nossos conhecimentos na construção de uma educação melhor. Está aperfeiçoando nossas práticas pedagógicas, potencializando o processo de ensino e aprendizagem. Nós compartilhamos esses conhecimentos com os nossos professores nas ACs e reuniões, para construirmos uma proposta pedagógica eficaz. Temos adquirido muitas experiências uns com os outros nessa formação. Nossos encontros são verdadeiros congressos".
 
Balanço
 
Os educadores trouxeram, além dos elogios e contribuições, pedidos e desafios que, revelados no coletivo, servirão não apenas para resolvê-los como demanda em si, mas também para compreender melhor cada possível obstáculo para a participação efetiva dos 9 mil educadores inscritos.
Micheli Cruz, coordenadora de formação de profissionais de educação do IAT, avalia os encontros como um fortalecimento de vínculos muito produtivo. “Poder ouvir, dialogar, observar as nuances de cada território, as especificidades de aproveitamento que cada lugar tem feito do currículo formativo, dos tempos didáticos, das estratégias e das metodologias sem dúvida fortalecerá muito o replanejamento do trabalho para o segundo semestre e o redimensionamento dele em 2022.”
 
A diretora-geral do IAT, Cybele Amado, lembrou que ainda há um longo caminho a ser percorrido no entendimento de que formação continuada "não é uma coisa para deixar para depois". "Ela estabelece as bases da construção do conhecimento de todo o trabalho pedagógico que é realizado na escola”. Reafirmando o cuidado e a sensibilidade que a equipe tem na elaboração das trilhas formativas, completa: “Não tem ninguém aqui que não esteja vivendo situações complexas. E isso na formação continuada também é contexto. Somos essa resistência de estabelecer como conteúdo as nossas sensibilidades, o momento que estamos vivendo. Onde vamos falar das angústias do contexto da escola se não for entre nós?”.
 
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial 
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Por conta da pandemia do Coronavírus, a formação acontece em ambiente virtual, reunindo mais de 9 mil educadores e técnicos de 414 municípios dos 27 Territórios de Identidade da Bahia.

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