Clima de folia e participação especial de Fátima Freire marcam reunião territorial da Formação em Seabra

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Em clima de Carnaval, os NTEs 3 (Chapada Diamantina) e 14 (Piemonte do Paraguaçu) provaram, nesta sexta-feira, 25/2, que alegria e aprendizagem andam de mãos dadas. Dando continuidade às reuniões territoriais do Plano de Formação Continuada Territorial da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, realizado através do Instituto Anísio Teixeira (IAT), os dois NTEs reuniram, junto às suas dirigentes Aline D´Oliveira Lopes e Valdeci Silva Carvalho de Santana, os membros dos núcleos territoriais, além de equipes técnicas e gestores das secretarias de educação de 28 municípios. Com uma convidada especial, Fátima Freire, filha do educador Paulo Freire, o encontro ocorreu em Seabra, município sede do NTE 3.
 
A condução inicial da reunião foi da diretora geral do IAT, Cybele Amado que, durante a manhã, apresentou os novos contornos e expectativas para o ano de 2022. Sem esconder a emoção de estar participando do encontro na Chapada Diamantina, região adotada pela soteropolitana como lar há mais de 30 anos, Cybele destacou o ponto de união entre os educadores presentes: "Estamos todos aqui imbuídos de um mesmo desejo, que é a garantia da qualidade da educação no Estado da Bahia."
 
Segundo Cybele, que trouxe das memórias de criança a origem do termo ‘avizinhar’, é muito importante que municípios e Estado sigam trabalhando em parceria, inclusive fora do ambiente da formação. Para ela, o trabalho conjunto fortalece todos os âmbitos, em especial a busca ativa, movimento imprescindível nesta volta às aulas, após dois anos de pandemia. Entre as reflexões propostas pela diretora, a participação dos educadores nos processos formativos como ponto de partida para a produção de sentido na gestão escolar foi a mais discutida. “Não é a imposição que constrói sentidos”, completou.
 
Para a dirigente do NTE da Chapada Diamantina, Aline D’Oliveira Lopes, essa reflexão foi fundamental, haja vista que os educadores presentes puderam expressar suas expectativas através de sugestões genuínas para as estratégias de promoção e ampliação da participação de educadores no plano de formação. “Muito do que foi trabalhado na manhã de hoje é possível colocar em prática, principalmente porque teve ênfase no elo entre o que é trabalhado na formação e nossa prática no chão da sala de aula.”
 
Em concordância, a dirigente do território do Piemonte do Paraguaçu, Valdeci Santana acrescentou a necessidade de o profissional da educação reinventar o seu fazer. “Todas essas experiências que a gente vem somando, a gente traz com uma nova roupagem, com um fazer diferenciado para motivar o nosso aluno, que é o objetivo maior, para que ele permaneça na escola. Por isso que a gente tem que abraçar e acolher nossos pares e fazer diferente, sensibilizando-os para que levem as experiências para os espaços escolares.”
 
Zaira Barbosa de Souza Andrade é secretária de educação no município de Souto Soares e testemunha os avanços obtidos através da formação, além de revelar grande expectativa para o ano de 2022. “Tenho certeza de que teremos resultados bem significativos para o município e para o território. Já estamos colhendo os frutos do trabalho articulado entre o município e o IAT no ano passado, por exemplo, com a elaboração dos projetos político pedagógicos. A proposta para esse ano de discutir o currículo dentro da formação do território será um sucesso porque já temos um referencial, mas agora precisamos levar toda a sistematização desse documento para a sala de aula.”
 
Outra secretária, Lionela Lopes de Lima, de Mundo Novo, também partilha da expectativa para este ano. Na sua visão, o encontro foi um ‘gosto’ do que está por vir. A gestora contou que se sentiu incentivada, junto à equipe, para ressignificar e fortalecer o trabalho formativo na rede. “Estamos com essa expectativa de uma formação continuada transformadora para chegar na vida dos nossos estudantes.” 
 
E por falar em formação transformadora, no período da tarde, os participantes puderam apreciar a palestra da educadora Fátima Freire. Com irreverência marcante, criou um grande diálogo, cujo pano de fundo foi a importância da construção do lugar de fala, em princípio do educador e, consequentemente, do estudante. Ela defende que a fala é “sagrada”, sendo o principal instrumento metodológico pedagógico do educador, ainda que, segundo ela, na nossa cultura, não tenhamos sido formados para nos manifestar com tranquilidade através da fala. A partir desse lugar de reforço da importância de garantir o direito à expressão, reflete: “O quanto vale acreditar que as pessoas têm o que falar!”
 
Fátima instigou os participantes a pensarem em como a forma como foram educados marca e determina a forma como educam. “Brigo por um tipo de formação que faça com que a pessoa entre em contato consigo mesma. Afinal, você só põe para fora o que você tem dentro”, afirmou.
 
A filha do patrono da educação brasileira ainda revelou que ter um dos intelectuais brasileiros mais referenciados do mundo como pai não a define enquanto pessoa, além de defender que, apesar de muitos pensarem o contrário, não existe impessoalidade na relação profissional. “Tudo é pessoal, mas o que tenho que aprender é ser um profissional que vive o ato de ser profissional com a minha identidade sem negá-la.”
 
Sobre o processo formativo, Fátima acrescenta que há dois eixos no processo de formação do educador que visa atingir o ideal de uma educação transformadora: um eixo específico e um eixo genérico. “O primeiro trabalha a história de vida do educador, quem ele é, o que pensa, o que sonha e sobretudo, como foi a sua infância, no sentido de identificar quais foram as marcas que ficaram no seu corpo e moldaram o adulto de hoje. Esse conteúdo é responsável pela identidade, enquanto pessoa, do educador. O eixo genérico é o da formação no sentido da construção do conhecimento, da criação de situações de aprendizagem. Segue o próprio significado do ato de educar, de toda essa parte teórica de didática e informações.”
 
Já tendo acompanhado o plano de formação do IAT em muitas outras oportunidades, ela observa que há um caminho a ser trilhado na construção e reforço das questões identitárias com os educadores participantes, mas acredita que a semente dessa mudança estrutural já está plantada.
 
Sobre o Plano de Formação Continuada Territorial  
 
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia, por meio do Instituto Anísio Teixeira realiza, desde 2019, a Formação Continuada para Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos das redes municipais e Estadual, além das Equipes Técnicas das Secretarias Municipais de Educação e dos Núcleos Territoriais de Educação (NTE). A ação, que conta com o apoio da União dos Municípios da Bahia (UPB), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e parceria do Itaú Social, tem foco nos profissionais que atuam nos períodos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio. Durante os anos de 2020 e 2021, a formação ocorreu em ambiente virtual.

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